23 de julho de 2008

Conhecer África.


Alguém disse que África é uma "doença". Doença entre aspas, porque é uma daquelas com as quais gostamos de viver. África, terra mãe, é um apelo constante para todos os que lá nasceram, tiveram o previlégio de a terem vivido e sentido ou mesmo para quem unicamente a conhece ao longe, por leituras diversas ou por histórias contadas. Para uma grande maioria de portugueses África será sempre uma doença. Quase sempre de amor, por vezes de ódio. Mas ódio e amor são, quase sempre, faces da mesma medalha.
África, o continente incompreendido. Tantas visões idílicas de paraísos perdidos e tantas ideias enganosas e falaciosas acerca do seu atraso e subdesenvolvimento. Chagas do euro-etnocentrismo ainda muito em uso.
Hoje o Mundo encolheu. Cada vez mais as culturas se interligam, os povos se cruzam. Em Portugal muito sangue africano corre nas nossas veias, fluindo desde Marrocos até ao sul do continente negro. Temos tanto de africanos que alguns põem em causa a nossa condição de europeus. Ainda bem, pois não acredito em supremacias etnoculturais.
Este sítio pretende ser um lugar de divulgação e conhecimento de África, principalmente da sua riquíssima cultura, tão pouco conhecida tanto pelos não africanos como pelos seus próprios filhos. Tem-se privilegiado e dado ênfase a um visão dualista deste continente: um lado, imaginário, excessivamente exótico e aventureiro; um outro focalizado nos seus aspectos mais brutais, da extrema pobreza, da corrupção e da violência. Felizmente África é bem mais que estes dois aspectos , para quem a queira conhecer de verdade, de mente aberta e descomplexada face à enormidade da riqueza cultural dos seus povos e da pluralidade das suas sociedades.

Este não é um sítio de abrigo para saudosismos bacocos daqueles que de África só retêm “o que por lá perderam” — mesmo alguns que nada lá tiveram — nem muro de lamentações por paraísos perdidos. Também não é sítio para os que unicamente pensam que todos os males de África são culpa de outros, dos estrangeiros ou dos antigos colonizadores, alijando-se assim das suas próprias responsabilidades. No entanto não vamos negar a história. Encaremo-la descomplexadamente.

Está na hora de respeitar África. Podemos começar fazendo um esforço para melhor a conhecer.

Conhecer África para, talvez, a podermos amar ainda mais, e através desse conhecimento podermos entender melhor a nossa riqueza como Povo de cruzamento de culturas, de brancos, negros ou mestiços. Somos feitos de tanta diversidade que só esse motivo bastaria para nos encher de orgulho.